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COSTURANDO PEDRAS

(PARA MI MADRE)


2013











SOBRE PEDRAS E AMANHECERES




O mar mata, amiga!
Erótico o desenho do carpete a recobrir piso e parede
Não há certezas
Deixo fios de cabelo nos ralos de Madrid
por me parecer poético
Invento aranhas enredando canaviais
Faroeste isto
projetado por penduricalhos nas vitrines
Tiroteio de reflexos
Depois esses azuis que vem no pisco
ressurgem como alertas onde há um vermelho ou azul da Prússia
Escancaram meus martírios os vívidos escarlates vindo dos faróis espelhados sobre asfaltos pós-tempestades
Se em mata, é o acender da lua salpicada sobre a ramagem que excita um exército de luas sobre meus desígnios
Necessito do que desconheço distinguindo tais brechas dentre redondezas multifocais
Num repente, roubo o movimento do distraído inserido no colorido da sua roupagem se sobrevoando um descampado
Besouros também cantarolam em sobrevoo à ilha dos rinocerontes
Prefiguram na mente, meninos ingênuos num sítio, jogando cartas
Hei de me fortalecer com vacas
em rebate ao ladrar inaudível das salas acarpetadas
onde habita o tédio
Sofro ainda da síndrome de carneiros na maneira de evacuar
Arabescos e arabescos vi nos artesanatos de Toledo
Muitos quereria entre meus guardados
E ter o dom de Gauguin
Aguardente o som das aves que nos espreitam
Em salas de espera, me resta o embriago com ventiladores
Os atravessamentos dos cavalos
alados
Imanentes velocímetros
Nem sinto
o sobrecarrego
quando em reunião, meus corvos



Volto à sala e já a borboleta em queda
Foco as caveiras da prateleira
Caveiras de macacos
Agora a raposa taxidermizada
Meu deus!
A raposa baleada!
E eu aqui .... com seus resquícios
Meu deus!
Eu aqui na sala depois de me surpreender no jantar com minha querida amiga cientista!
Seria ela agora religiosa?
Meus felizes desmaios amarelados me servem de recordação
entre divagações diante da imensidão da estante
Entre paradigmas...
Ah, não sei!
Não sei também das placas de avisos entre tráfegos e televisores inóspitos
Nem sobre taquicardias ou sobre ônibus rodoviários, diria: se puder, evite-os
Não, não! se puder, prefira-os a melhorar os tráfegos
Se puder, apague os rastros de suas pegadas constantes num mesmo cômodo
Num mesmo alfabeto, o útil e o raso
Dos toques no berimbau, o embate entre três notas pedem um socorro
Esquecerei das tardes de sóis se pondo ou luas
Esquecerei afazeres de mãe e firulas
Direi: sofro!
Simplesmente
Porque é difícil
Muito difícil
Todavia
Muito mais fácil para mim do que para milhares
E me apronto para festa
Ainda que segurando pedras
Ainda que disposta a rolamentos a sorte



Livros: eis
Prateleiras: hão
Juventude: ais
Parafrasearei panteras ainda que...
insista no suicídio absurdo do insistir
A nuca nunca mais de Penélope, nunca mais à anarquista e a pedra ainda incrustada
á miríade de miríades
Ai, quem me dera não saber sobre assaltos ou sobre sobressaltados obstáculos ou ainda
sobre enciclopédias incendiadas
Ai, quem me dera galgar sobre arquipélagos
Esferas cromada invertem-nos
Simulacros
Onde
as
naus?
Onde as naus?



Se pintasse de prata o parque e de arlequim a face e rouxinóis amestrasse para rodear o bosque da praça onde hortifrutigranjeiros saciassem a de novo florista revisitando a floresta, para presentear com florada ou novas mudas de seja lá o que? A sei lá quem!


Sementes, eis o milagre!


Ai, jejum
Ai, jejum de alma
Ai, jeito ... de procurar dizer


Pensa-se
Que se usufruirá
Pensa-se


E as caldas se derramarão inexoravelmente
Não é, Manuel?


E os dias se passaram
também para você, não é, Manuel?


Dias díspares
Entre divagares
Ainda que me esqueça
Ainda que me demore
Ainda que se administrem lagoas
Eu me plebiscito
rascunhando contra argumentos
Profetizando o arrebentar da corda
Ainda que só hoje tenha visto o voo dos tucanos
Voo das ferramentas com asas
Ou espingardas
frente a esfera de fogo
E desde sempre adoro o borbulhar do champanhe e o voo de tucanos



Saga a busca por componentes químicos ou afins
Uma nova série...
Talvez sobre colônias
de formigas
Ou argolas
caminhando
à deriva
A sorte desnudada
Puro o transmudar das matérias
Ainda que pensemos saber
algo
Há antes pegadas subterrâneas
no digerido dos líquidos ou dos sólidos mastigados...
Ainda que os dejetos constituam outras moléculas
hão nelas nossa incompletude
Ai!
Que divino o liquor vindo dos Médicis
Atraindo também formigas
Obstruo o fluxo das famigeradas
Piso em folhas dissipadas de suas matrizes a se tornarem pó
Partículas se parecem
Invisto em qualquer demão ou exalo
a usufruir de um compasso
E o que são as horas para as famigeradas que se cooperam?
E o que sou eu aqui?
Isso é um observatório?
Oh, mente entre deslizes
Oh, mente, grande insígnia! Detentora do tal poder inafiançável
É tal a aglutinação que ... Tomo mais um gole
Volto a olhar o entorno que se precipita ora nas formigas ora no prédio em construção dando para o meu jantar
Ou ainda para a libélula negra que passa por passar
Me resta um gole dos Médicis editando um escorrido
Emano das lágrimas



Espero do novo sapato que modifique meu DNA
Da tal
...das fendas, surgiu cada um de nós
Incrível
Nunca será crível isso
Como não é crível uma folha
Como não são críveis os olhos
As medidas
Diálogos
entre naves
Inavegáveis
sótãos
Só,
escuto batidas
Revolucionárias
Ainda que...meninos tendam a ser homens de negócios
A Inapta se depara com impostos
Com células desidratadas
sobre sua constituinte



Enquanto filmava patos
registrei sirenes
Elos deslocados
Eixos díspares
Se não fossem os aparelhos
não os memorizaria
Digo:
Não quero ser uma mulher de negócios
Ou competente
Quem me dera ser educativa
Repito para mim:
Quem me dera,
depois de ver tucanos em voo...
Voo do desequilíbrio
E um folha
mísera
cai sobre o tampo de mármore
para depois se iludir nas águas de uma piscina ou se extraviar entre vias
da estrada incansável
Incansável transpassar de arranjos sem refrão
Sem refrão as folhas secas
prontas para as quedas
As máquinas fotográficas mirando-nos
Os lados dos livros saltando títulos
Maria
Oiticica
Othake
Os índios de barro
A pena de avestruz
O desenterrar das tardes lendo Handke
Um savant?
Avante
Miro-me lendo-o
Imaginando-o lendo-me
Nós, os agarrados à sobrenatural tragédia de se buscar um naco
Me mira a lente de uma Laica
Se postam os pinos de um filho um dia machucado
Declara sofrimento a mãe de barro agarrada ao menino de barro à esquerda
Troça a taça quebrada ao lado de outra figura de barro e outra acima ainda diante do meu inocente querer ser
Do meu querer deixar
marcas
Num barro, que seja
Num balde, que seja
A trovoada ensaia
uma curra ao final da tarde
Especula-se: e se tiradas do corpo nascidas marcas?
Irradiáveis ou irremediáveis aves haverão...para sempre
Memoráveis
casas sem cães ou viola desafinada
Oh amor
Perdure
sua mimese
Geringonça a maldade
Grãos sobre grãos
se exaltam
Perecíveis elixires no expandir cósmico
Cômicos artefatos representativos
Litúrgicos latrocínios
Lanternas
Patrocina a Petrobrás
Lixos
se revigoram
Rodeiam os urubus montes contemporâneos
Uniformizados os funcionários da prefeitura



Novo garimpo
Hora de não fazer nada
De olhar a bola parada
O descanso da tesoura
O desligado do telefone
A inerte das fotografias
Da raposa taxidermizada
Dos holofotes sem interruptores
Das arruaças num Himalaia ou Everest ou Makalu
Ou de ir pescar num açude
De iniciar um projeto dissipador
De nadar num fim de tarde
Bigorna é o objeto que preciso para voltar ao trabalho
Bebericam as pombas
Despencam as ramagens
Se entrecruzam os pensamentos
Olho a água
Viro a página
Ouço a estrada
Episódica
Travessias às avessas
Me escondo após o primeiro pingo
de uma chuva que não cairá



Anjos se infiltram nas bibliotecas de Wenders
Entre melodias do eterno
Entre um abcesso de ovos de lagartas no tronco da mais bela das árvores



Outros espelhos
Dores e arrependimentos
migram
O recorte da cidade acorda branco cinza
Aviões riscam horizontes num constante
O quadro é ou uma pancreatite ou uma outra coisa ligada a trombose
O café é Vienna
Passa um em cadeira de rodas
O garoto careca
Sempre alguém chora num canto
Há conversas sobre seguros
no natural de um hospital
Muitos os lixos
As contaminações
As obediências
Me perco entre títulos na livraria:
Trapaça
Desvio
Faces da Moeda
Cinzas e Poeiras
O Espelho de Chaia Zisman
O Homem Que Fazia Chover
Junco de Nuno
O Estranho no Corredor
Passeios na Ilha de Drummond
Ou Confissões de Minas
Estar Sendo, Ter Sido, de HH
A Cidade e Seus Espelhos



Agora tudo chove
Junto a gotas, lamentos
Gotas aprisionam reflexos
de um entorno estendido
que se espatifará
Ando nua sobre ruas agora de mentira



Fiquei loira a semana passada, diz a moça de dentro do elevador
Elevador panorâmico
Lamentos panorâmicos
Temores panorâmicos
Linguajares
Traves
Blocos e blocos
Casos hospitalares
Panorâmicos
elos
Monumentais
espelhos e margens
Através das estrias da triste manhã
um firmamento de prédios
Folículos
Catéteres
Rompimento de veias
Rolamentos
Desmoronamentos
Dês degraus
Dês espanto
Joelhos em prece
Parque panamericano
Anárquico tórax
Mísseis metabólicos
Desaparecerá o apego?
Relatos e relatos de um sistema digestivo
De um sistema linfático
De uma mata de veias
Um enrosco de veias
Aceso o avesso



7* dia ou 8* dia ou...Excesso de luz fria. Intenso o trabalho terapêutico na unidade 6. Isaura se apresenta e continua seus afazeres. M.A. está conectada. Se já fosse possível avatares, escolheria ela estar num castelo medieval. Ou ser de novo a criança entre brincadeiras de roda. Ou de novo no alpendre aprendendo a ler com sua avó.


Isaura e Laura viram e desviram minha mãe. Os aparelhos sinalizam detalhes a serem administrados como numa operação de valores. O que pensei chamar ilha eles chamam de posto. Os administradores de tempestades. A cama sobe e desce e inclina. A plantonista receita mais sangue. Duas unidades de insulina. Isaura está de jaleco azul. Significa ser técnica de enfermagem. Laura, com um rosa seco, sinaliza ser enfermeira chefe. De jalecos verdes, os médicos. E os de laranja?


Empresa corpo. Meticulosidades. Aparelhos de medições. Elucubrações. Desgelo. Sorver das feridas. Sinestésicos diagnósticos. Um ao lado engasga. Maria Metafórica preside num castelo medieval. - Sua urina parece clareando! Escrevo sem querer Qem sem u. Acho bonito. Urra ao lado outro enfermo. Entra a de uniforme alaranjado se apresentando fisioterapeuta. Diz que irá aspirar a secreção do pulmão.


Sala de espera. Aparecerá o Dr. com novidades? Ela nos manda embora, um por um. Escreve que ama a todos. Que sente frio.


Estabilização organizacional
Gerenciamento taquicárdico
Exames e prognósticos
Avaliações da tempestade
Tratamentos futuros
Adiamento de intempéries
Não interpretemos o caso
Acasos recaem entre corredores
Causas misteriosas serão detectadas
Procedimentos patológicos
Pindamonhangabas
Aparecerão os pintassilgos de um dia
Amanhecerá escarlate


Uma noite na UTI
Dormi
Apago algo sem querer
Lembro que desenhava pirâmides, disse o rapaz, sobre quando menino via a tia que quase nunca via
(021 16) 9172-4324 inflamáveis
Desobedecerei as traves
Oh, oblíqua dor


Cadeira de avião
Respirador
Tempestade
Trovões
Fevereiro ainda
Árvores se mantém árvores
Me mantenho roxa
Como uma batata
Com olheiras
Com ancas
Com incompletude
assisto a chuva
M.A. caminha pelo corredor
Aguardo na sombra
A melodia de uma terça de carnaval é Vivaldi
Penso em costurar pedras
E vou
O Licor dos Médicis
da Officina Santa Maria Novella
fabricado em Firenze desde 1612
acaba!
Começo a ler O Que Resta, de Lorenzo Mammi, cuja a capa traz a imagem de uma cadeira real junto a sua imagem fotográfica, junto ainda da imagem do significado de cadeira datilografado. A obra é de Joseph Kosuth. Tiro o cinto que me aperta. Olho para a porta. Para além da porta. Amanhã meu mais branquelo tirará uma pinta. Árvores prometem frutos e flores. Prometo livros fechados. Um jardim de pedras costuradas. Ramificações são intrínsecas. Também aos novelos...à raposa, à rosa, à pás ou aspas. Estou na página 29. Terceiro capítulo. Isso, aquilo e o valor disso e me vem as dobras na carcaça de tatu, as marcas de sua vida em fuga junto à suas rugas, junto a ressecamentos.



Numa sala de espera feia como todas, espero, como todos, soluções definitivas. O arranhado do esôfago são gatos que se querem soltos. O descabelado dos cabelos, um resquício de mocidade. Sobre a mesa, a negra, linda, na fotografia. Depois, o assistir ao conversível no quarto fresco pelo ar condicionado. Depois, a fala traduzida de artistas internacionalmente reconhecidos. Virado o pescoço, a placa velha exibe um copo com cerveja espumando.


"Semorin tira manchas de roupa e de bocal de luz
Nunca subestime o poder de Semorin."


M.A. está monitorada
dançando num baile de filme norte americano dos anos 50
M.A. tem uma empresa trabalhando por ela
Analisam seus ritmos cardíacos
Suas fezes
Sua urina
Seu nível de glicose
Suas plaquetas
Seus hematócritos
Hemoglobina
Pedem para levantar a perna
Os braços
Para parar ....
Presa a fios
Presa à cama
Presa à sua história
Nós


Homem: êita bicho filosófico!


Ela pede à comadre apertando a campainha


Essa noite tocou 3 vezes o alarme
Parece que esquecia de respirar



Vamos: força, respire!
Vamos: seja forte!
Puxe oxigênio
Continue respirando
Vamos!
Continue respirando
Por que eu te amo
Continue respirando
Por que seus outros filhos te amam
Vamos: seja forte: continue respirando
Seus netos te amam
Continue respirando
Levante a perna
Continue respirando
Levante os braços
Continue respirando
Você está conectada a fios
Estão te dando insulina
Estão te alimentando
Você tem a sonda
Muitas trocam suas fraldas
Continue respirando
para ter bisnetos
Para ir ao casamento
Vamos: continue respirando
Estão te dando potássio
Vamos!
Colheram mais e mais sangue para análise
Lhe deram mais soro
Agora fale pá
De novo

Isso, muito bem!
De novo

Agora sorria
Mais um pouco
Isso
Muito bem
Agora mande beijo
Ótimo
Quer descansar?
Só mais um beijo
Muito bem
Continue respirando
...no bipap
Agora ande no corredor
Vamos!
Isso, muito bem
Está cansada?
Continue respirando
Vamos!
Seus filhos voltarão
Vamos!
É mais um dia lindo
Olhe para a janela
São Paulo...tão linda de longe
Domingo de sol
Olhe!
Olhe a revoada de pássaros!
As nuvens...
Cícera hoje não vem
Adriana também não
Uma assistente do hematólogo já passou
O sangue está ok
As hemácias...
A albumina?
Vamos, não pare!
Respire!
Já já chegam outros netos
Um firmamento de netos
Já já os bisnetos
Imagine que lindos?
E a motocicleta também apita
E os sinos de Amsterdam
Vamos respire
Ainda falta Las Vegas
Ainda faltam outros picos
Ampolas
Vamos
Respire
Você é forte! Lute!
Fabrique insulina
Fabrique potássio
Você é tão bonita
Resolva seu problema metabólico
Os médicos estão de plantão para te injetar...
Enfermeiras te trocarão
O terço está lá no alto
Seus vizinhos também sofrem
Seus vizinhos chegam e saem sabe-se lá
Sabe-se lá



Doenças antagônicas
Agonia em gotas
Discutiremos a estrada
Melancólicas contrapartidas
Adivinho asas
advindas
Ainda que te sobrepujam
Ainda que muros inexatos nos esfreguem a cara
Ainda às cidades o entorno de horizontes vegetativos
Relembro arados
Saturando restos
Reivindicarei
recantos
onde eu possa chorar



Ela quis chorar e eu não quis
deixá-la
Para não estampar na cara (minha)
o seu retrato


De aço inoxidável a feitura das ferragens hospitalares
Peregrinação de almas buscam corpos sãos na tal da calada
Entre os verdes das encostas, as admissões em datas procriativas
Estala a tarde suas potências cromáticas
num lago de esferas reflexivas
E agora à quem...a cidade?
Pra quem as poucas sombras?
Sinal de alerta, os radares
Cria-se nesgas
Cria-se mágoas
Cria-se o perdão
Estalam os telhados da confraria
Faria algo diferente? (Ela)
Não saberia
Não se sabe do sinistro
Num impulso
agora grafo:
Hematoblastos
Homogeneidades
Falas e
Falas
Hélices elípticas
politicamente postadas a destinatários tais
Entretanto amiúde desviam-se os rastros
Epistolografia
Mentirei mais tarde
Se assim



Assinam
Assassinam
Assinam
Assinam assassinatos os vermes em seus esconderijos
Assinam assassinatos as gorduras saturadas
Lentes de aumento não aumentam suficientemente
Laboratórios são convencionais
Janeiro já se foi
Fevereiro já se vai
atrás da porta
Construções febris
blindam
o revolver ao sublime
O irremediável
se arrasta nas demãos da tarde
seu recitar de auroras ante entupidos canos
Se não conhecesse os desenhos de Flávio de Carvalho, talvez não estivesse cética enquanto entorno vodca com manga ou espeto o dedo na agulha costurando pedras ou lendo a poeta polonesa de nome impronunciável ou acordando sem ter de fato dormido entre dimensões



Extra:
Novidades extraordinárias
Líquen ilustrativo
Urra! Hip hip Urra!
Demãos sobre demãos
Mastros asteados
Bois sem coices
Geometria de arraias se apresentam na praia
Correias incandescentes arrojam suas faíscas
Faíscas
Solto-as
Sei lá porque
Sei lá pra onde
Mutações
Próteses biônicas
vestem-se de esqueletos
Componentes robóticos
Órgãos de plástico
Faringes funcionais
Células originadas
Surpreende a arte
Ainda




E num outro tempo
Não esse das apresentações
Não esse dos encargos
Não esse dos compromissos
Onde poderei me locomover
sobre sutilezas
Tempo das remodelações
desmedidas
Montanhas de cápsulas
Rios
Margens
Dutos
Viadutos
Auto estradas
cabem nesse tempo
Cabem elevadores
Cabem esconderijos
Hospitais
Internações
Cabe chuva
Tempestades
Furacões
Cabem novos métodos
Sublimações
Saudações a vigílias
Ininterruptas vigílias
Impertinências também cabem
O imponderável
A auto vigilância
Associações Techno políticas
Democratismo rumo a um modelo cibernético
Costuro pedras em busca da lógica
A tempestade se avizinha
M.A. dá uma passo pra frente e outro pra trás
Relampeja a cidade
Relampeja a rodovia
Relampeja relampeja
pra cair a chuva anunciada de dias
Hemisférios das contrapartidas
Mundos dos arranjos ou desarranjos
Estrondos!
Calhas entupidas
Desesperares
Ei-los



E lá, como será que está? Ligo! Tempestade também aqui. E a maré, como será que está? Como será que está a febre, a insulina, a taxa de hemoglobina? Com será que está a cabeça do fósforo riscado e riscado? Como será sob navios, se sob tempestade? O que será dos helicópteros em voo se sob tempestade? Hospitais sob tempestades. Currículos... Sinaliza a tarde, avenidas congestionadas. Sabores aguardados lisonjeiam. Lisonjeiam. Lisonjeiam.



Filmo a tempestade
A janela de vidro reflete o interior do quarto de onde filmo a tempestade
No interior do quarto de onde filmo a tempestade, a tempestade é interna
A cena interna de onde filmo a tempestade é imanente à tempestade que filmo
Luzes e sirenes se confluem interna e externamente
Deixo a câmera fixa num único ponto como se fixa num ponto quem olha de um telescópio ou microscópio
Ambientes fundam mecanismos de leitura de um dentro e fora sincrónicos
Vínculos intrigam
Interrogam-nos os veículos
Enfermeiras se revezam
Preferências são sentidas entre matizes de voz ou outros detalhes mínimos



Primeiro colho pedras para depois amarrá-las
Colho as que me clamam...depois da chuva
Nesta tentativa de sutura passo as tardes
Me demoro
a reconhecer o drama em sua sequência
Já lido o artigo do Dr. Nelson no site sobre mielofibrose
...E nessa veleidade de costurar tudo...
planejo paletós como costela de pedras...
Planejo costurar cabelos
Unir calças pelo meio das pernas
Emendar germes em folhas mortas ou peles flácidas
Trapézios unindo arquipélagos
Icebergs
rebocaria-os de volta à geleira
Ida, publicaria



Entre ser ou não ser
tropicalista
Fico com o ser antropofágica



No tempo de se colher pedras
No tempo de se costurar pedras
Prevê-se:
O espelho se espatifará a nos replicar em seus mínimos
A bomba detonadora guarda seu último segundo
Não há atrasos nem antecipações
Cenas são cronometradas milimetricamente
O justo se fará medida vindo de uma orquestra multiforme
Ante a dissipação
o imanente



Cresce dentro de mim o sentimento de desalinho se dentro do novo espaço
Tento reconhecer onde é o meu lugar
Se existe ainda algo de meu em mim
Não sei me locomover sem transparecer algum desagravo
Maior ainda a vontade do não estar
Um outro tempo principia durante o meu costurar das pedras
Criado o estado de alerta às significâncias
Trabalho para me exaurir num fazer
A tentativa é de unir o que não tem encaixe
A linha é fina, porém resistente
Pedras se parecem quando entre outras
Uno-as para devolvê-las ao rio
Para que de novo em correnteza rolem para o não sei onde
Para que se desfaçam os nós dados por mim
- Ah cascalhos, rolem
rolem ribanceiras
a se desfazerem-se de si
Pois, só quando então grãos
irão
saltar um dia
entre seus irmãos de sorte



O dia não amanhece
O dia não amanhecerá
O inerte adentrará
Junto ao afagar das sombras o seu fantasmagórico


E não é que esta palavra existe?
Degringolou!
Já já a órfã
Construções viram ciladas
Não vou me reconhecer depois daqui, ou até quando vou?
Um corpo se desfaz
Que não é único
O que mal pertence a mim também restará em meu epílogo
Não há diagnósticos admissíveis
Incongruências são artefatos de concreto
Cru e nu cada episódio
Me posto na ponte
Junto a proximidade dos abismos
Em sistemas elétricos repousa a eletrocussão
Me perco entre as dimensões dos prantos
Não saberia sobre meus eus se não tivesse alguns já afirmados
Não saberia da loucura se já não reconhecesse suas flechadas
Monólogos soam vestimentas para astronautas
Ousam os autodidatas convictos em seus brados onomatopéicos
M.A. agoniza ou ironiza seus últimos dias
Ela, aquela, espelho
que me reflete um reflexo que queria antagônico
Saberia das horas pelas sombras se tivesse estudado mais um pouco
Ou me guiaria seguindo as pedras que me piscassem
Sinais dos flertes
Nuvens de insetos são irreproduzíveis
Não sei pronunciar ar sem ter que pensar na hora de soar o erre
Dois domicílios são inconciliáveis
Não durmo mais nas tardes
Me transfiguram as luzes
Trancas se destrancam
A menininha tem medo e grita tampando o rosto
Grandes segredos tratam de violações
...Também termina com ões ...
Esqueço
Enquanto digitava, tocava um telefone



Agora são todas as épocas
Aqui não é o futuro tão pouco o passado
Ressoares
Ressonares
Filmes livros computadores
Fusão de épocas nessa, nossa?
Coitadinha
dessa
esmagada época
Analógica
a orgia
sem lógica
de um quasar
Delineio
oblíquo
de serás



Todas as pedras são pedras
...depois as classificações
Todos os mares são mares
...depois as classificações
Ouso unir pedras, com as mãos
Ouso repartir águas com as mãos
Impossível desunir os mares
Os ditos vão sendo ditos
Possível unir alguns
poucos



Desdobra-se o tempo na flauta
No acelerar da motocicleta
...Ainda, aos arranha-céus
Inútil tentarmos nos proteger dos irmãos naifs
Ou dos dias capiaus junto ao riacho que não arreda
Assim como não arreda o marulho, o farfalho, os piados, os mugidos
Num para sempre o ritmo da correnteza onde aprendi a nadar
Os perigos daquele marrom gorduroso se vazado um óleo
O louvor às margens das pernas afundadas no barro
A magia do subir na árvore mãe de todas as árvores
Aquela. Dona da pele de seda grudada de seiva
Onde
agarrada ao seu cipó qual Tarzan me arremesso ao rio num levante de herói
Ou heroína
se junto a meninos tintos do barro das margens
só de olhos de fora
A semelhança de devorados exibindo avessos
Criaturas crianças se banhando em lama
Fabricando bolas para ataques e contra-ataques
Guerra entre mirins
Chega-me a deliciosa risada vinda do mistério das lembranças
Talvez inventadas
Ocres
os coronéis de lascas da argila seca
quase como o caule que suporta a copa
Mãe das sombras
sobre onde assava-se carnes



Sapos em ribanceiras
O fôlego no piano de Hope There's Someone
do álbum Antony And the Johnsons
soa configurando um eterno
Em confluência os afluentes etéreos
Parece-me acalmada as efusões
Diagnósticos soam inócuos
Parafraseando
somo a vista um grande sol se pondo
Outro contraponto as noites enluaradas
Estanco um pequeno sangramento de nariz
Nair e Maria Cândida o nome de minhas avós
Longínquas
Em mim



Será só uma dorzinha de garganta a minha dor?
Ai
E se eu infectá-la logo agora?
Agora que tudo está caminhando bem?
Agradece a Deus quem foi para o SUS e sobreviveu?
Agradeço a dedicação de uma equipe que se preparou
para enfrentar altas marés



Adaga ida
Adaga voltada
Nenhuma modificação
Impressionante



Tento um olhar com os olhos das pedras
Tento um olhar com os olhos do mar
Tento um olhar com os olhos das adagas
Com os olhos do mar vejo o dentro do mar
A película mar reluz o fora do mar
Os olhos das adagas veem sempre à sua frente. E as pedras?
Como posso ver como se fosse pedra?
E se poros fossem olhos?
Peço: abraça-me




Diante da reaproximação dos filhos
diante de uma mãe à morte
olhos se fecham para...enfim...



Daí, um corpo cai de tal andar quase sobre o corpo do rapaz que atravessava a rua
Daí, que pula-se de prédios
Pula-se de pontes
Pula-se do terceiro ou quarto andar do mezanino do shopping Santa Úrsula
Ou vai-se para Pindamonhangaba
Ou cai-se em pindaíbas
...Escuta-se o maracatu, ainda
Ou, a matraca da catraca enferrujada a frente da rua Abílio Diniz
Latente na fronte do rapaz o estalo no asfalto da tarde de ontem, ainda
Sob efeito cartático, ainda, que são e salvo
Até quando na retina a cena se renovará?
Até quando vibrará no tímpano o estampido do corpo espatifado
na calçada de pedras portuguesas
do quarteirão onde o rapaz pagara a conta por ter comido um cone?
Até quando na mente os segundos antecedentes do seu atravessar em diagonal à parada fatal do suicida
não assassino
por um triz?




Pendurado o Di
em voga entre seus concomitantes
M.A. revigora na praça das possibilidades humanas
Meticulosamente ponho luz, dourando uma das pedras que amarro à outra
Luzes se antagonizam com sombras
Ouvirei meus passos breves frente ao oceano mais uma vez
Frente aos homens que carregam sacos de coco
Ainda que os estampidos sejam irreproduzíveis
Pode-se achá-los numa fotografia



Águas se repassam e eu não sei contar sobre as coisas
Inadmissível a estática
Aguardados os suportes, as estacas
Num para sempre o propagar dos engenhos
Meticulosos
ovos já se quebraram antes de um nascer
Vão-se as cápsulas e os éteres
Hei de distinguir os ditos sobrepostos
Hei, sem razões
Me posto com olhos de ah!
Ela ressurgiu das cinzas
Dádiva dos naufrágios revertidos
Agradeço aos deuses das competências



Oh, senhores em espreita
Em sobre manejo ante o aquém
Senhores do preparo
Bem dignos
Hei de me refestelar ante seus atalhos
Barcos ainda afundam entre rochedos primários
E eu, que me meti em diagnósticos
por aventura ou distúrbio
relembro pormenores
em meu primeiro passeio depois do evento



Cintilante a placa
Cemitério do redentor
Sepulturas disponíveis
- Os exames de sangue estão ótimos!
Levo a fênix para passear de carro
A Fênix e sua enfermeira
Me visto como me visto para me orgulhar do meu ofício
- Tente ser justa com quem discorda dos seus assuntos
Dizem-me
Coloco-os em potes
Metidos em conservantes
Famosas as pimentas com sementes pretas



O que é essa água toda?
A mordida da cadela nos salva com a lambida dela?
Entre parâmetros
amores
prefiguram paisagens
então intransponíveis
Marola a estrada para o meu desatino
Desafinados percursos
Doses dantescas de amplidão
Doces trâmites os pios
Mergulho
Seu transpasse soa a eternidade
Não diferencio Ferraris de Porsches
Prefiro o que penso avistarem as aves
Ogivas de argila
as fabrico
Um solo de pássaro passa agora na televisão
Outra ave choca seus ovos
Liga o lindo
Um dos ...
Contou-me
sobre o amigo com quatro catarrentos pra alimentar
outro dia



Diante de paisagens posta-se nossa incompletude
Abruptas paisagens
onde douro uma das inumeráveis pedras à beira da estrada
que divide o mar de pedras
Minha atividade
Um delito?
Do vulcão ativo arreda-se a prospeção de seu gozo
Paisagens nos sublimam
Mergulho no nada
De vez em quando lhamas pastam
o ínfimo de um pasto
Meu ínfimo a pedra que incrustei um dourado
num oceano de pedras e sal e sílica e sei lá mais o que
da tripa do território chamado de Chile
Irradiando sua infindável fileira de vulcões
aos turistas fotógrafos
A tona o: Na Tonga da Mironga do kabuletê
Refrão das pedras entre pedras entre pedras entre pedras
Alguns cactos
Vapores
Penhascos
Vilarejos
tenho-os
Ou
retenho-os em câmera
Obscura
detenho-me
diante das golpeadas do inóspito
Diante do montante do oceano sem água
que consigo ver
Outro oceano o céu
Amanhecem douradas as pontas dos morros azuis
Incompreensíveis
cachorros se prostram ao sol
Confirmamos as erupções de vapor
e jatos de água fervendo
Ou qualquer coisa dessas...ditas fenômeno
Um pequeno movimento e já tenho a paisagem transformada
Tramei como reverso da cruz a dourada pedra para mi madre
Do avião não há árvores
Solidão o mundo mineral
Alisando superfícies de contato
faz sentido a frase : perda inestimável